quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

MINAS NO TEMPO DO IMPÉRIO





               Os mineiros viviam, no tempo do Império, de um modo bom e espaçoso nas cidades mais antigas, então meio adormecidas e já em decadência, mas com dignidade e com novas cidades próximas às fazendas de café ou gado. Os costumes eram simples, todos viviam em família, não havia grandes luxos. As fazendas serviam de hotéis, quem chegasse teria boa acolhida, cama e mesa farta e pagava a conta com as notícias que trazia de outras terras, ou, com alguma prenda semelhante. Havia casos de pessoas dotadas de boa voz, que iam de fazenda em fazenda, cantando modinhas e, com isto, viviam. Nas cidades, em noites de lua cheia, os rapazes faziam serenata para as moças que escutavam por detrás das venezianas. Havia poucos bailes, dançava-se geralmente a quadrilha, mas em compensação não faltavam grandes banquetes com muitos pratos e que duravam horas. As festas públicas, mais comuns as de igreja, eram bem frequentadas com  grandes e solenes procissões de Semana Santa e, em maio, "o mês de Maria", com sinos tocando, músicas alegres e bonitas, menininhas vestidas de anjo para coroar Nossa Senhora e ao fim, barraquinhas com leilões de várias prendas. Como em Minas, maio é época de noites agradáveis e amenas, a alegria era geral e, afinal, os rapazes e as moças podiam namorar à vontade na praça da igreja.


               O carnaval chamava-se "entrudo"; havia mascarados que metiam medo nas crianças e atiravam bisnagas e limões de cera, cheios de água perfumada em todas as moças que passavam pelas ruas. Ainda havia escravos que, geralmente eram tratados quase como pessoas da casa: chamavam as senhoras de sinhás, as moças de sinhazinhas, os senhores de sinhôs e os moços de inhonhôs. Os negros faziam grandes festas de Congados, Reisados, eleições de reis e rainhas, danças de batuque, caxambu, etc. A vida de família era muito severa. Os maridos eram muito mais velhos do que as esposas, em geral, e os filhos cumprimentavam o pai beijando-lhe a mão, pedindo benção e ninguém fumava na vista do pai. O chefe político mais importante era designado coronel e o Imperador concedia títulos aos grandes senhores. Na política havia dois partidos rivais:o Partido Conservador de fazendeiros, e o Partido Liberal de comerciantes e profissionais liberais. Era tranquila, farta e variada a vida mineira de antigamente.

Do Livro: História de Minas.
De: João Camilo de Oliveira Torres
Edição de 1967 - Editora Record.

COMENTÁRIO:

                      Em Abbadia de Pitangui a vida dos habitantes transcorreu igual ao que nos foi narrado pelo historiador João Camilo. As fazendas eram grandes, espaçosas e ofereciam hospedagem aos visitantes, em geral, vendedores ambulantes, comerciantes de gado, padres em visitas pastorais pois algumas fazendas tinham capelas ou oratórios. À noite, após o jantar e a realização dos negócios o fazendeiro, esposa e filhos maiores se juntavam ao hóspede para saber notícias das grandes cidades e, às vezes, sobre a corte no Rio de Janeiro. Alguns fazendeiros tinham títulos concedidos pelos  Imperadores: os coronéis José Américo de Assis e Pedro Lino de Souza, foram os mais conhecidos por residirem no distrito, entretanto, vários outros receberam títulos mesmo morando em zona rural: Alferes José Joaquim da Costa; Capitão-Mor Custódio José de Oliveira Braga; Tenente Francisco Joaquim D'Araujo; e outros que constam do Livro de Registros de Batizados da Paróquia de Nossa Senhora da Abadia, a partir de 1856. As fazendas antigas que hospedavam viajantes eram: Bom Sucesso, Mamonas, Barra, Monjolos, Junco, Bocaina, Rasgão, Logradouro, Crisciúma, Lapa, Pontal, Batateira, Pedras, Retiro, Laranjeiras e Picão.
                         
                                             MÁRCIO TEIXEIRA.

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