terça-feira, 13 de março de 2012

A ESCRAVIDÃO NO ARRAIAL DA ABBADIA

          A escravidão no Arraial dos Monjolos teve início com a instalação das grandes fazendas na região, como a de D. Luzia de Medeiros Costa. Quando os fazendeiros Jerônimo Vieira e Maximiano Alves da Costa vieram para a região, trouxeram consigo razoável quantidade de escravos para fazer as construções de suas propriedades e plantações.
        O aumento da escravidão no Arraial se seu com a decadência da extração de ouro na Vila do Pintanguy, quando grande parte da população voltou suas atividades para a criação de gado e para a agricultura nas terras planas perto dos rios da região. Todos próximos do Arraial: Pará, São Francisco, Lambari e Picão.


        
      Na Vila do Pitanguy, havia grande quantidade de escravos para trabalhar na extração do ouro, nas minas ou ribeirões e, de lá, vieram muitos para trabalhar nas novas fazendas abertas nas terras recém ocupadas.
        Os primeiros povoadores, acompanhados e seus escravos foram construindo suas fazendas no meio da mata, num ambiente bastante diferente dos locais dos casebres das minerações. Lá, as construções eram provisórias, só para garimpeiros; aqui, definitivas e com suas famílias. As mulheres se dispuseram a acompanhar seus maridos, criando assim um mundo novo em pleno sertão completamente desconhecido.
       Os escravos construíram então casas de moradia, paióis de mantimentos, senzalas, monjolos, hortas e pomares com vários tipos de plantações como feijão que nascia mais rápido, milho, que podia ser consumido verde ou maduro; cana, que produzia rapadura, açúcar, aguardente e ração para o gado; arroz, mandioca, couve e outras hortaliças.
        Enquanto cuidavam das criações, em currais provisórios, derrubaram matas e fizeram queimadas para as roças, extraíram madeira para construções e pequenos açudes.
        Moraram em senzalas, sem conforto, sem higiene, em condições insalubres, pouca ventilação, piso de chão e dormiam em catres amontoados, trancados com cadeados e vigiados por feitores e cães-de-guarda.
        As escravas mais inteligentes eram instruídas pelas Sinhás e assim, em cada nova fazenda surgiam mucamas, bordadeiras, tecelãs, fiadeiras, cozinheiras e outras prendas domésticas.
        Os senhores da escravaria tinham seus especialistas na lavoura e na criação do gado, mais o carpinteiro, o mestre de engenho que fazia o açúcar e a aguardente e o feitor, que supervisionava a tudo na propriedade e só devia obediência ao dono.
         O fim da escravidão, decretado pela assinatura da Lei Áurea de 13 de maio de 1888, não melhorou a condição social e econômica dos ex-escravos. Assim, em Abbadia, muitos partiram para outras regiões, mas não se sabe se eles conseguiram vida melhor, pois eram analfabetos e sem profissão definida, além da maioria ser composta de alcoólatras. Os mais jovens dos que foram bem tratados pelos antigos donos preferiram continuar nas fazendas como empregados e os mais velhos, como agregados, todos ganhando salários ínfimos.
          Foram os escravos os verdadeiros construtores do progresso do Arraial da Abbadia.


                                                                               MÁRCIO TEIXEIRA




Nenhum comentário:

Postar um comentário